domingo, 7 de novembro de 2010

PAULISTÂNIAS


Por Flavio Gomes.
SÃO PAULO (23 graus, 42 no asfalto) - Às vezes dizem que sou meio metido a ombudsman dos outros, que não devo ficar criticando outros veículos de imprensa, que isso é antiético e coisa e tal.
Bom, paciência. É que tem coisas que não dá para ignorar. Nem como consumidor de informação que sou, afinal pago pela assinatura de jornais, de TV, banda larga etc, nem como jornalista, nem como cidadão que fica indignado com algumas barbaridades.
Falo especificamente de matéria publicada hoje na página D11 do caderno de Esporte da “Folha de S.Paulo”. Título: “Garotas de programa estão no grid”. No subtítulo: “Movidas por dinheiro ou chance de fama, elas estão no autódromo, em hotéis e camarotes”. Ilustrando o texto, a foto de uma “grid-girl” que deve ser facilmente identificável. A menina, seus amigos, namorado e parentes certamente sabem quem ela é, apesar de aparecer de perfil.
A reportagem chama todas as meninas que trabalham na F-1 de putas. Não há nada na matéria que sustente a tese. O autor chama todas de putas baseado numa única frase de uma modelo de nome fictício, “Isabela”, que calcula que “60%” das meninas que trabalham em eventos são “piriguetes”.
É inacreditável. Inacreditável que uma asneira dessas seja publicada num jornal, em qualquer um. Inacreditável que ninguém tenha o discernimento para pegar um texto desses, jogar no lixo e passar uma descompostura no autor antes de permitir que seja publicado. Um texto, além de tudo, machista, deselegante, desrespeitoso. “Na semana do GP Brasil (sic), em Interlagos, elas agradam a todos os olhos, desde os mais até os menos famintos”. Putaquepariu. Quem quiser ler a íntegra desse negócio,está aqui.
Se eu fosse uma garota do grid, qualquer uma delas, processaria o jornal. Puta é sua mãe!, eu diria. Se fosse a menina da foto, idem. Se fosse a Braskem, empresa que patrocina as grid-girls, também. Se fosse da organização da corrida, igualmente.
É o único jeito de acabar com essas irresponsabilidades que tomaram conta da imprensa.

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