Ontem o Financial Times, um dos mais importantes jornais de economia e finanças do mundo, fez matéria sobre as eleições brasileiras.
O FT é conhecido pelas suas opiniões liberais e favoráveis ao mercado e a livre inciativa.
O artigo, logicamente, repercutiu imediatamente aqui. A agência Estado colocou uma tradução aproximada do seu conteúdo que reproduzi no blog Dilma deve ter ‘vitória retumbante’, diz Financial Times, como também reproduzi a versão original em inglês, Brazil’s election: all over bar the voting?.
Os jornais Folha, O Globo, O Estado SP e Valor unanimes, não julgaram de interesse hoje dar espaço para o artigo do Financial Times.
Pelo menos foi o que constatei e espero não estar enganado.
O fato é surpreendente. Ontem, a coluna Toda Mídia da Folha tinha feito uma pequena menção ao artigo, pois ele tinha sido postado na véspera no site do jornal inglês. Mais hoje, estranhamente, nada.
Talvez a motivação deste ostracismo para com a matéria publicada no FT seja a afirmação do autor que um dos erros da campanha de Serra tenha sido a de acusar o governo e o PT de censurar a imprensa. O jornalista escreve, porém, que o País é um dos “menos censurados do mundo.”
Talvez seja isto ou talvez não, e se trate simplesmente de desinteresse pela afirmação da matéria que Dilma pode obter uma vitória retumbante e que a campanha de Serra estava sem rumo. Esse tipo de analise já é corriqueiro por aqui.
O Globo faz hoje um editorial afirmando que existe uma ameaça de autoritarismo no continente, do qual o Brasil não esta à margem. Ninguém censura ou censurou O Globo e não penso que alguém pretenda subjugar os meios de comunicação no Brasil. O compromisso assinado por Dilma Rousseff da “Declaração de Chapultepec” mostra o apego da provável futura presidente à liberdade de imprensa. Seu passado de vítima da ditadura reforça, tem repetido ela, esse compromisso com a democracia e a liberdade.
“O Brasil não está livre de ações de grupos que visam a subjugar meios de comunicação independentes. Diversos projetos de lei nesta direção se originaram na Conferência Nacional das Comunicações (Confecom), convocada pelo governo. Em todo o continente está em risco a base das liberdades democráticas”.
Pena é de constatar que a opinião do correspondente do Financial Times acabe de fato censurada e não tenha ganho um misero espaço nos jornais. Fica a impressão que isto se deva a ela não corresponder com a opinião dos “aquários” da imprensa, sempre alertas em detetar insinuantes vontades totalitárias em qualquer tentativa de alguém opinar sobre o que fazem os peixes.
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