Por Carlos Chagas
Qual o maior cabo eleitoral dos candidatos a deputado federal de um partido, nos estados? Erra quem supõe ser o candidato a presidente da República. Tem sido, através de sucessivas eleições, o candidato a governador. Numa palavra: se este vai bem, puxará os votos dos concorrentes à Câmara Federal filiados ao seu partido. Se vai mal, deixa-os órfãos. A relação é a mesma, com as exceções de sempre, para os candidatos a senador. Eles também dependem de quem disputa o governo estadual.
Essa evidência não beneficia o PT, cujas bancadas o presidente Lula gostaria de ver aumentadas como forma de sedimentar o governo Dilma Rousseff, se ela for eleita. Porque dos companheiros que pretendem ser governadores, apenas Tarso Genro, no Rio Grande do Sul, Jacques Wagner, na Bahia, e Tião Viana, no Acre, são favoritos. Nos demais estados onde o PT tem candidato próprio, eles patinam. Como a regra não vale para os estados onde o PT apóia candidatos a governador de outros partidos, eis uma receita de frustração para a estratégia do presidente Lula.
O risco é de o PT manter suas atuais bancadas na Câmara e no Senado e até de vê-las diminuídas. Um passaporte para a submissão de Dilma ao PMDB, vale repetir, se ela vier a ser vitoriosa. Porque o PMDB, por inércia, permanecerá o maior partido no Congresso.
Em alguns estados o PT escolheu mal seu candidato a governador. Em outros, viu-se obrigado a abrir mão da tentativa, até pela força, em nome da coligação com partidos da base oficial. Não será ainda desta vez que um presidente petista disporá de um Congresso também petista, não obstante a formação de blocos majoritários com partidos aliados. A experiência prova que essas maiorias não são confiáveis, tornando-se necessário negociar caso a caso os projetos de interesse do governo, em acordos que custam muito caro.
É claro que o PMDB jamais assumirá a condição de tutor do governo, sequer de condômino do poder. São uns artistas, os seus dirigentes. No próximo período presidencial, como no atual e no anterior, o partido apresentou faturas em particular e bateu palmas para o Lula, de público. Não é por acaso que deteve seis ministérios e montes de altos e baixos cargos na administração federal. No mínimo, exigirá o mesmo de Dilma, como exigiria coisa igual de José Serra. Tudo de forma muito sutil, entre sorrisos de admiração e loas de uma falsa submissão. Daí o sonho do Lula de quebrar essas algemas com o aumento das bancadas do PT, ironicamente desfeito pela necessidade de alimentar o PMDB nas disputas pelos governos estaduais. Em suma, uma sinuca de bico.
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