segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O BRASIL É O MESMO

Por Carlos Chagas

O brasileiro comum acordou hoje cedo, abriu a janela e,   olhando para aquele pedacinho  de céu que ainda lhe é devido em meio à selva de pedra,  constatou haver o sol  nascido como todos os dias. Por conta do feriadão  prolongado, muitos  voltaram  para a cama ou tomaram  café com calma. Os que foram trabalhar enfrentaram os mesmos constrangimentos nos transportes coletivos,  raros e lotados. Para chegar à   fabrica, ao escritório ou ao comércio, o cidadão que ganha pouco e paga muito de impostos notou estarem as ruas mais sujas do que o comum.  Nesta ou naquela capital os garis já se encontravam a postos, limpando toneladas de sujeira, a maior parte de cartazes já velhos, papéis de propaganda eleitoral   aos   montes, plásticos usados aos milhares, embalagens de bebidas  e restos de comida. Um ou outro companheiro de trabalho comentava o  resultado  das eleições de ontem, escolhida que tinha sido a nova presidente da República. Pela primeira vez na República, uma mulher. Apesar disso, prevaleceu a rotina de todos os dias: preocupação com contas a pagar, com a performance dos filhos no colégio, o próximo Natal e os presentes cada vez mais  caros,  as programadas mas raras vezes concretizadas férias de fim de ano. Num minuto de desatenção diante do trabalho, vieram o pensamento e a conclusão: o Brasil é o mesmo, igualzinho hoje como ontem...

Nenhum comentário: