Por Carlos Chagas
O brasileiro comum acordou hoje cedo, abriu a janela e, olhando para aquele pedacinho de céu que ainda lhe é devido em meio à selva de pedra, constatou haver o sol nascido como todos os dias. Por conta do feriadão prolongado, muitos voltaram para a cama ou tomaram café com calma. Os que foram trabalhar enfrentaram os mesmos constrangimentos nos transportes coletivos, raros e lotados. Para chegar à fabrica, ao escritório ou ao comércio, o cidadão que ganha pouco e paga muito de impostos notou estarem as ruas mais sujas do que o comum. Nesta ou naquela capital os garis já se encontravam a postos, limpando toneladas de sujeira, a maior parte de cartazes já velhos, papéis de propaganda eleitoral aos montes, plásticos usados aos milhares, embalagens de bebidas e restos de comida. Um ou outro companheiro de trabalho comentava o resultado das eleições de ontem, escolhida que tinha sido a nova presidente da República. Pela primeira vez na República, uma mulher. Apesar disso, prevaleceu a rotina de todos os dias: preocupação com contas a pagar, com a performance dos filhos no colégio, o próximo Natal e os presentes cada vez mais caros, as programadas mas raras vezes concretizadas férias de fim de ano. Num minuto de desatenção diante do trabalho, vieram o pensamento e a conclusão: o Brasil é o mesmo, igualzinho hoje como ontem...
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