terça-feira, 3 de agosto de 2010

APRENDENDO VOTAR

RUY CASTRO.
Segundo o Datafolha, Joaquim Roriz lidera com folga as intenções de voto para o governo do Distrito Federal. Tem 40% contra 32% dos adversários somados ou seja, já estaria eleito no primeiro turno. Roriz pode comemorar: valeu a pena ter renunciado ao Senado em 2007 para escapar de um processo de cassação por corrupção. Em troca de pouco mais de dois anos na geladeira, arrisca-se a ser governador de seu arraial pela quinta vez.
Roriz é o único que esquenta o assento no dito governo. Em fins de 2009, seu sucessor José Roberto Arruda teve de largar o cargo por motivo de força maior: foi preso numa operação policial que estourou um esquema de corrupção em Brasília, com vídeos mostrando gente influente, inclusive ele próprio, recebendo dinheiro e alegando que era para comprar panetone.
Seu vice, Paulo Octávio, assumiu, mas teve de sair quase em seguida, também sob suspeita no caso, de usar as meias para fins outros que não o de proteger os pés. E ponha aí outros influentes políticos, donos de empresas de comunicação, juristas e personalidades de Brasília, todos acusados de marmelada com o dinheiro público.
No passado, o Rio ficou proibido de decidir seus destinos pelos quase 300 anos em que foi capital da Colônia, do Império e da República. Supunha-se que a cidade-centro não poderia ter autonomia político-administrativa, donde seus governantes eram nomeados pelo rei, imperador ou presidente. E assim os cariocas só foram eleger seu primeiro governador em 1960 e o primeiro prefeito, em 1987.
Brasília, ao contrário, conquistou a autonomia com apenas 28 aninhos de existência, em 1988. Significa que os brasilienses já votam há 22 anos. Mas é muito pouco tempo. Como votar é um longo aprendizado, isso explica por que eles ainda não conseguem fugir à alternância de rorizes e arrudas.

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