domingo, 22 de agosto de 2010

EMPREGO É DIREITO DE TODOS

Editorial, Jornal do Brasil.
Foi manchete da edição de ontem deste JB o recorde na geração de empregos no Brasil, desde a série histórica iniciada em 1992. Neste ano, foram criados 1,6 milhão novos postos formais, ou seja, com carteira assinada o que significa que há mais gente trabalhando, já que o emprego informal ainda é significativo no país.
O problema do emprego ainda está longe de estar totalmente resolvido. Mas é alentador ver que a promessa de campanha de Lula – pela qual foi ironizado pela oposição ao falar em 10 milhões de novos empregos – para o setor tirou-o do topo da lista de preocupações principais dos brasileiros. Já no governo Lula, bem no início, emprego alinhava com saúde, educação e segurança entre as maiores aflições de nosso povo. Hoje, é diferente.
Lula teve isso muito claro em sua trajetória, até por suas origens proletárias. É importante que os candidatos a sucedê-lo tenham como uma das linhas mestras do próximo governo que o emprego é um direito de todos os brasileiros, assim como são a moradia, o alimento, a escola. Um país como desempregado é um país doente. E uma doença perversa, pois existem os remédios – os braços dos trabalhadores – mas não se tem como tomá-los. O bom é que Dilma Rousseff, José Serra ou Marina Silva terão um belíssimo ponto de partida. A expectativa do Ministério do Trabalho é que o ano de 2010 termine com a geração total de 2,5 milhões de empregos.
É preciso, contundo, que o futuro presidente esteja alerta para alguns pontos que ainda precisam entrar nos eixos. Por exemplo: em julho último, a maior quantidade de empregos foi gerada pelo setor de serviços. Ok, trabalho é trabalho, e é melhor isso do que chefes de família no desespero, em casa, diante dos filhos. Mas é importante que o setor de produção passe a liderar o processo. As benesses ampliam-se, com isso, dos brasileiros para o país como um todo.
Outro efeito colateral de se ter mais pessoas trabalhando assim como da ascensão social: a Confederação Nacional do Comércio divulgou quarta-feira uma pesquisa mostrando o crescimento do número de famílias endividadas. Mais dinheiro entrando, mais dinheiro sobrando, hábitos recentes de consumo... resultado: descontrole orçamentário.
Entre 17.800 famílias entrevistadas, o percentual entre as que estão no vermelho subiu de 57,7% para 59,1% de julho para agosto. A boa notícia é que a inadimplência não caiu. Essa é uma característica bem marcante das classes menos favorecidas: elas até criam dívidas, mas pagam-nas. Calote é algo mais frequente entre os abastados.
Tais problemas, contudo, são de fácil administração, e não podem nem de longe fazer com que se mude a política trabalhista, ou que se tire o pé da criação de empregos. Com a Copa e a Olímpiada se avizinhando, esse risco é improvável.

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