quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O EMPATE TÉCNICO DE SERRA

NATAL ANTECIPADO E 1º TURNO: mercado de trabalho brasileiro antecipa o Natal e registra em julho o menor nível de desemprego dos últimos oito anos, com taxa média de 7% no país. Tradicionalmente, é no período natalino que a economia apresenta atividade mais intensa com reforço da geração de vagas. Desta vez, o quadro se precipitou em julho. Em Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, as taxas de desemprego ficaram abaixo da média nacional, respectivamente 4,8%, 5,1% e 5,4%. Não por acaso, o eleitorado do Sudeste –para espanto e desalento da mídia demotucana-- tem negado a Serra os votos com os quais o candidato do conservadorismo esperava contrabalançar a vantagem fornida de Dilma Rousseff no Nordeste. O Natal antecipado do emprego é uma das alavancas que aceleram o desfecho das eleições presidenciais no 1º turno. Até o resiliente Datafolha jogou a toalha e já 'converge' para o cenário antecipado por outros institutos menos comprometidos com o esforço pró-tucano. Conforme a enquete divulgada nesta 4º feira, José Serra tem 29% das intenções de voto e 29% de rejeição. Está empatado tecnicamente com ele mesmo nesse aspecto, condição que pretendia ostentar em relação à adversária que abriu 20 pontos de vantagem na disputa. Dilma tem 49% das intenções de votos e lidera em todas as regiões de Norte a Sul. A candidata do PT virou o jogo inclusive no RS, onde o tucano ainda liderava, e abriu 5 pontos de vantagem em SP, cidadela tradicional do PSDB. Entre as capitais, Serra só ganha --ainda-- em Curitiba. Sua última linha de resistência é não perder para o próprio índice de rejeição. Exceto por um desastre de proporções ferroviárias, arquitetado pelo condomínio midiático-demotucano, a sorte da disputa, no 1º ou no 2º turno, está selada. Justiça seja feita, a sova federal não pode ser debitada exclusivamente ao ex-governador de SP. Embora a conservadora revista 'Economist' diga que "o sr. Serra parece insípido, exceto quando sorri, aí se torna alarmante", há algo mais que antipatia nesse revés. A dimensão histórica do naufrágio demotucano foi resumida pelo professor José Fiori em seu recente artigo 'Requiescat in pace' (leia a íntegra acima). Sua exposição sepulta o PSDB de Serra e Fernando Henrique, mas embute também desafios para o futuro da esquerda em geral e a petista em particular. Um trecho: "...o que mais chama a atenção não é a derrota em si mesma, é a anorexia ideológica dos dois últimos herdeiros da "terceira via" (a Concertación chilena e o PSDB brasileiro). Não se trata de incompetência pessoal, nem de um problema de imagem, se trata do colapso final de um projeto político-ideológico eclético e anódino que acabou de maneira inglória: o projeto do neoliberalismo social-democrata. Que repouse em paz ! (Carta Maior; 26-08)

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