quinta-feira, 5 de agosto de 2010

REPARTINDO O PÃO E O GOVERNO

COLUNA CLAUDIO HUMBERTO: 'repartindo o pão e o governo'.

Durante almoço na residência do senador Gim Argelo, o vice da candidata à Presidência, Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (PMDB) falou sobre a proximidade da hora de “repartir o pão”. Ou seja, a divisão do poder no futuro. Carlos Chagas em seu artigo desta quinta observa que a cada dia os interesses vão ficando mais evidentes.
Por Carlos Chagas.
Ainda bem que Dilma Rousseff não compareceu ao almoço com senadores e ministros, terça-feira, em Brasília. Imagine-se que reação teria ao ouvir o discurso de seu candidato a vice, Michel Temer, participando aos presentes a proximidade da hora de repartirem o pão.
Como o prato principal na residência do senador Gim Argelo era bacalhau, ficou evidente que o presidente do PMDB referia-se a um tipo figurado de alimento. No caso, a divisão do poder no futuro, dados os prognósticos da vitória de Dilma em outubro. Como a maioria dos senadores pertencia ao partido majoritário, mais clara ficou a perspectiva de partilha. Vão com toda sede ao pote, ou melhor, ao prato de pão.
A candidata detesta discutir o day after das eleições. Nem mesmo com o Lula, pelo que sabe, surge o assunto do seu possível ministério. Não se sentiria à vontade, ouvindo o silogismo do companheiro de chapa.
Vai ficando claro o objetivo de Michel Temer: instalar-se no palácio do Jaburu como uma espécie de ponte entre o novo governo e o Congresso. Ou vice-versa, tendo em vista a pouca experiência de Dilma nas relações político-partidárias.
Hoje, o PMDB tem seis ministérios, além de montes de diretorias de empresas estatais e penduricalhos. Contribuindo decisivamente para a vitória da ex-ministra, buscaria aumentar o número? Ajudar a compor os possíveis aliados, com a promessa de aprovação dos projetos de interesse do palácio do Planalto? Domar o PT, cujo número de novos senadores e deputados ainda é desconhecido?
Vale concluir que o pão parece uma imensa baguete. A fome, também.
PROFISSÃO: PRESIDENTE?
Ignoram-se algumas respostas do presidente Lula ao funcionário do IBGE que o entrevistou para o censo agora realizado. Claro que nome, idade, estado civil, mulher, filhos, vencimentos e questões óbvias são conhecidas. Há curiosidade, porém, com relação a outras.
O que terá respondido a respeito de sua profissão? Ex-torneiro mecânico? Ex-líder sindical? Político? Presidente da República?
No início do século passado a Rússia promoveu imensa consulta igual e o primeiro a ser visitado foi o csar Nicolau II. Na hora de definir-se, respondeu: “dono da terra russa”.
Poderia o Lula ter dito “dono da consciência nacional”? “Detentor da maior popularidade individual desde a República”? Porque presidente da República não é profissão. Costuma até ser sacrifício, senão martírio.
“Vai ficando claro o objetivo de Michel Temer: instalar-se no palácio do Jaburu como uma espécie de ponte entre o novo governo e o Congresso. Ou vice-versa, tendo em vista a pouca experiência de Dilma nas relações político-partidárias”.

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