Editorial, Jornal do Brasil.
O lamentável episódio da invasão do Hotel Intercontinental por bandidos e traficantes, na manhã de sábado – além de um tão grave tiroteio com a polícia ao longo das principais vias de São Conrado, Zona Sul do Rio – deixa uma boa reflexão a ser feita pelo comando da segurança pública do estado. E confirma o que ela já sabe: a questão da violência não tem fim, e tem de ser tratada com todo o esmero a todo momento.
Após o desfecho do caótico incidente, o secretário José Mariano Beltrame deu entrevistas, nas quais exaltou o desempenho dos policiais envolvidos na operação. Lembrou que nenhum dos reféns foi ferido, que a única morte foi de uma mulher que integrava o bando de desordeiros, e que todos os demais foram presos.
É verdade. Dada a natureza e gravidade do ocorrido, o desfecho poderia ter sido bem pior. Em outros tempos, talvez a ação policial não terminasse com um final tão feliz – ainda está vivo na mente dos cariocas o trágico fim do episódio do cerco ao ônibus da linha 174, no Jardim Botânico, apesar de já se terem passado dez anos.
Seria uma injustiça não reconhecer que a polícia reagiu com rapidez e fez o que era possível para minimizar as perdas causadas pela criminalidade. Mas há um dado que foge ao domínio das autoridades: não basta haver segurança, é preciso parecer que há segurança. Para os hóspedes do hotel, especialmente os estrangeiros, não haverá entrevista que os convença de que o Rio é uma cidade segura, ou campanha que os faça voltar à nossa cidade.
Para os que não se conformam com a vitória do Rio como sede olímpica de 2016, e como palco da final da Copa do Mundo de 2014, foi sublime a chance que tiveram de enrijecer os indicadores e apontar:bradam desde a a manhã de sábado.
“Vejam a insegurança do Rio, vejam como os bandidos tomam conta das ruas, imaginem se fosse em 2014 ou 2016”,
Assim, por mais que se tenham diminuído em quantidade os casos de ataques mais acintosos dos bandidos à população, é imperioso que as inteligências das polícias civil e militar deem um passo à frente não apenas no sentido de antever a movimentação da bandidagem como para, no dia a dia, promover o sufocamento do tráfico e sua movimentação pelas comunidades mais carentes. O Estado precisa, como já vem começando a fazer, entrar cada vez mais nessas localidades e tomar o lugar dos criminosos como provedor de serviços.
Se colocamos uma lupa bem em cima do incidente de sábado, concordamos que o trabalho da polícia foi mesmo o que deveria ter sido feito. Mas, se aumentarmos a amplitude da lente, o que é também o dever da mídia, não dá para chegar a outra conclusão senão a de que o Rio e sua população não podem mais aceitar esse tipo de desafio a céu aberto. É preciso reprimir quando se é agredido, mas, mais do que isso, é fundamental impedir de todas as formas que a agressão se repita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário