Serra deveria ter-se oposto claramente a Lula, reafirmando-se como o homem intelectualizado que é.
Achei que Serra ia perder quando o vi com a Sabrina Sato. A esta altura da campanha, isso parece ter sido há muito tempo. Ele dava uma de cafajeste: tentava parecer informal, igual a todo mundo, popular.
Esboçava, de modo desagradável, desmentir a fama de sério, de acadêmico. Tentava parecer o que não é. Bem, talvez ele seja mesmo cafajeste, mas não o é como homem público. Via-se ali já o equívoco de querer parecer grosso como Lula. Mas Lula é grosso do modo mais chique que pode haver.
Seus erros de português, suas metáforas cafonas, mesmo suas caneladas imperdoáveis em assuntos internacionais são a glória do Brasil. E, apesar de considerar de fato imperdoáveis falas como as respostas sobre os dissidentes cubanos, não usei a palavra glória aqui com nenhum traço de ironia.
Que o Brasil tenha eleito e aprove um presidente de origem humilde e pouco letrado é prova de que queremos mover-nos socialmente e de que não somos dominados por preconceitos linguísticos.
Mas Serra representaria todo o espectro da sociedade brasileira que, além de incluir os que têm preconceitos linguísticos, conta com muita gente que simplesmente está cansada do ideologismo desavisado dos que apoiam tudo do PT, do sintoma de regressão que representa o aspecto populista do culto a Lula e do fisiologismo que é desenfreado porque serve ao grupo que supostamente quer o bem do povo.
Serra seria o homem sério, o ex-ministro da Saúde que demonstrou competência e coragem.
Sua origem humilde poderia ser sempre relembrada, mas para dizer (como Marina pode, com muito mais razão) que vir da pobreza não resulta sempre num mesmo estereótipo. Serra deveria ter-se oposto claramente a Lula, reafirmando-se como o homem intelectualizado que é, como a alternativa nítida ao lulo-petismo.
Mas já se esboçava, na cafajestada com Sabrina, o Zé do horário gratuito.
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