Bem, é a cara do PSDB, um partido que nasce de um racha de cima para baixo das lideranças mais capazes do PMDB de São Paulo contra o quercismo. Se disse social-democrata, mas sempre partilhou uma visão de social-democracia estranha, mais ou menos com a do seu xará português, na prática, um social-liberalismo; escolheu uma via decididamente pró-capitalista - alternativa, no entanto, ao direitismo linha-dura dos militares e suas vivandeiras, e contrário à estratégia petista, maior, mais profundo e mais complexo projeto modernizador surgido nos momentos finais da Ditadura e na transição para a Democracia. O ponto é que todo o exercício de luta pelo poder e o esvaziamento da "boa nova", do "fim da história" e tudo mais que FHC fez o partido aderir - e que aderiu não só como forma de sobrevivência eleitoral, mas sobretudo existencial, o partido viu não só a história não acabar como o PT, uma opção histórica, assumir o poder. Paralelamente a todas as crises do seu rival, o PSDB assistiu sua deterioração se agravar dia após dia, superando o próprio rival em degenerescência. A construção de todas as candidaturas, de Serra em 02 para cá, beiram um texto kafkaniano - a aliança de Serra com o pior da mídia corporativa e sua aliança com as oligarquias nordestinas carlistas são sintomáticas. Serra é um homem idoso, obsecado pelo poder e desesperado pela perspectiva de não ocupa-lo jamais, um belo instrumento para as elites primitivas e incivilizadas do Brasil - que refutam até mesmo a possibilidade de modernização dentro do Capitalismo, o que o PT tão bem propõe e põe em prática. A primeira candidatura Serra foi uma tragédia, a segunda é uma inescapável farsa, Serra na presidência seria o equivalente a formigas no pote de açúcar, gafanhotos numa lavoura, cupins na madeira ou a metástase no corpo moribundo.
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