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O repórter Maurício Kubrusly fazia uma transmissão ao vivo para a revista eletrônica de domingo da Corte do Cosme Velho, em 1998. No comando das operações um dos cinegrafistas mais renomados da firma, na época: Amauri Trolize. Era o Mercado Mundo Mix, evento que começou em 1995 e reunia a vanguarda da arte, moda, música, design e erotismo. Virou palco de uma variada fauna alternativa, sobretudo o público GLBT (a sigla para gays, lésbicas, bissexuais e transexuais). Numa cidade multiétnica e multicultural como São Paulo, caiu logo no gosto do público que respeita a diversidade e não cultiva homofobia e preconceito. No meio da fala do repórter, o cinegrafista fez um "travelling" em direção a um casal gay que se beijava ardentemente, com suas línguas se entrenlaçando. Assim que terminada a transmissão, o patrão ligou para a emissora escandalizado. Argumentou que aquilo era um gesto de desrespeito e violência à família brasileira trancada em casa, em frente à TV naquela noite, e exigiu providências enérgicas. Foi um Deus nos acuda. A direção começou a caçada aos responsáveis. A ordem era demitir todos sumariamente. Depois de muita conversa e negociação decidiram que a cabeça à prêmio seria a do Amauri. O profissional com mais de uma década de casa assumiu com altivez e responsabilidade a decisão. E graças ao patrão, a família brasileira, no conforto do lar, foi poupada de "obscenidades" como a livre expressão das preferências sexuais das minorias. Lembrei-me do episódio por ocasião da Parada GLBT que acontece em São Paulo neste domingo. Eles venceram. Viva a diversidade e abaixo os guardiões da falsa moralidade!
Naquela ocasião não foi só o Amauri que pagou o preço. O cinegrafista Hugo Sá Peixoto também. Foi Hugo quem desobeceu a recomendação de não fazer aquele movimento em direção ao casal e teimou. Levou o coordenador da transmissão para a rua com ele.
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