JUCA KFOURI
JOHANNESBURGO, AQUI estamos. Pela sétima vez presente, in loco, na sede de uma Copa do Mundo. Chega a ser assustador.
Ainda bem que olho em torno e vejo brilhantes dinossauros, como Luís Fernando Veríssimo, Alberto Helena Júnior (Júnior?!), Ruy Carlos Ostermann, Fernando Calazans, José Trajano. E posso pensar que ainda há muita lenha para queimar.
São 40 anos na estrada, iniciada exatamente porque existiu uma Copa no México, em 1970, e resolveu-se lançar a revista "Placar".
Naquela Copa, como nas duas seguintes, na Alemanha e na Argentina, trabalhei na retaguarda. Primeiramente como mero aprendiz e faz-tudo. Depois, já como chefe de reportagem.
E na Espanha, em 1982, diretor de redação, lá fui eu cobrir minha primeira Copa in loco.
De lá para cá, foi uma atrás da outra, exceção feita à de 2002. E não só porque bateu uma baita vontade de rever uma Copa no Brasil, do modo como as via quando criança e adolescente, mas também porque foi de madrugada em nosso horário, inusitada. Teve também, devo confessar, o longo e claustrofóbico voo para aquelas paragens, o que não é algo que o colunista vê com os melhores olhos. Nada de medo, mas de pouca paciência mesmo.
Sim, a da Espanha, a primeira, por Sevilla e Barcelona e, principalmente, por Telê Santana, Sócrates, Zico, Falcão e, até, acredite, pelo presidente da CBF, Giulite Coutinho, um dirigente que de tão raro só deu e nada tirou para ele em nosso futebol, é a inesquecível.
De todas, depois da espanhola, a francesa tem um lugar especial pelo bem e pelo mal.
O bem começa por Paris, que vale umas mil missas. Continua por um esquema de cobertura, já nesta Folha, que provavelmente não se repetirá porque foi em tempos de real forte e dólar fraco. E ainda um dos quatro filhos também estava lá, na concorrência. Nunca antes neste país nós, jornalistas, tivemos tantas condições para fazer uma cobertura perfeita.
Mas falhamos feio ao nem nos darmos conta de que Ronaldo Fenômeno não tinha ido para o Stade de France disputar a final contra os anfitriões da Copa, na maior bola entre as pernas do jornalismo esportivo brasileiro em todos os tempos. Prova de que, em regra, o esforço é diretamente proporcional ao fracasso, razão pela qual as condições mais espartanas das Copas subsequentes talvez tenham servido para nos deixar de olhos mais abertos.
É o que queremos provar mais uma vez, pois não.
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