Um dos pontos turísticos mais visitados do Rio, o Estádio Jornalista Mário Filho comemorou nesta quarta-feira 60 anos. Encravado no coração da cidade, o popular Maracanã ganhou notoriedade por ter sido, por muito tempo, o maior estádio do mundo. Construído para a Copa do Mundo de 1950, também é usado como sede de grandes eventos, como shows e cultos, além de ser considerado, por arquitetos e engenheiros, como um marco da construção civil nacional.
– Foi uma obra muito arrojada para a época, tanto foi que, nos 10 anos seguintes, houve um temor de que o Maracanã pudesse desabar – lembra o conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-RJ), Antônio Eulálio Pedrosa, que trabalhou na equipe de construção. – Apesar do temor, não tinha como dar algo errado. As vigas de aço eram duas vezes maiores que o convencional da época, e o cimento veio da Europa.
Outra característica que impressionou foram as marquises do anel superior, que não são sustentadas por colunas frontais.
– As marquises funcionam no que chamamos de balanço livre, com um par de pilares traseiros em cada um dos cerca de 60 gomos da estrutura superior – explica Eulálio.
Para comemorar os 60 anos do Maracanã, a Secretaria Municipal de Conservação, em parceria com a Rioluz e a Secretaria Estadual de Turismo, inauguraram nesta quarta-feira um novo sistema de iluminação do estádio nas cores verde e amarelo. Para o empreendimento, foram instaladas 492 lâmpadas de 400 watts e 1.000 watts. Poucos minutos depois da inauguração, porém, a luz apagou misteriosamente.
O secretário municipal de Conservação, Carlos Roberto Osório, tratou de minimizar o incidente.
– O importante é que o Maracanã está se modernizando para 2014 e, se Deus quiser, vamos ter um resultado diferente de 50, quando perdemos a final para o Uruguai.
O nascimento.
O Maracanã foi concebido na administração do prefeito Ângelo Mendes de Morais. Na área escolhida, situava-se a Favela do Esqueleto, construída sobre um hipódromo abandonado. A concorrência para a obra ocorreu em 1947 e o projeto vencedor foi o do grupo de Antônio Alves Noronha. As obras começaram em 2 de agosto de 1948. Trabalharam nela cerca de 2,5 mil operários.
Um divisor de águas no futebol brasileiro.
Palco mais famoso do futebol brasileiro, o Maracanã é um marco divisório da história do esporte no país. Apesar de ter vivenciado a maior tragédia da história esportiva do país – a derrota na final da Copa do Mundo de 1950 – o estádio foi o grande propulsor da consolidação da Seleção Brasileira como referência mundial.
– O Brasil só passou a ter expressividade no cenário internacional depois da construção do Maracanã – salienta o comentarista esportivo Luiz Mendes, 86 anos, representante mais antigo da imprensa carioca em atividade. – Apesar da derrota na final da Copa de 1950, a partir dali começamos a ser conhecidos mundo afora. Tanto foi que, em 1952 e em 1956, ganhamos o Campeonato Pan-Americano de futebol e, em 1958, finalmente fomos campeões do mundo.
Dentre outros momentos sublimes do estádio, o comentarista destaca a final do Mundial da Fifa, em 2000, vencida pelo Corinthians diante do Vasco, a final do Carioca de 1962, quando o Botafogo bateu o Flamengo por 3 a 0, com atuação de gala de Garrincha, e um amistoso entre Brasil e Inglaterra, em 1959.
– Naquela partida, o Garrincha foi cortado por ter fugido da concentração. Seu substituto foi o Julinho, do Palmeiras. A torcida carioca, por conta da rixa com os paulistas, o vaiou com veemência em sua entrada em campo, só que, depois da bela atuação dele na vitória por 2 a 0, as vaias se transformaram em aplausos – lembrou Mendes.
Estádio é festejado até na África do Sul
Os 60 anos do Maracanã foram lembrados nesta quarta-feira, na África do Sul, numa série de eventos promovidos por entidades ligadas à indústria do turismo brasileiro. Dentro de um restaurante em Joanesburgo, no bairro Melrose, onde funciona o Botequim do Rio, simulação de um bar típico carioca, o estádio ganhou um bolo com seu formato onde brasileiros e sul-africanos cantaram parabéns.
Participaram da festa de aniversário do estádio, o ministro do Turismo, Luiz Barreto, a presidente da Embratur, Janine Pires, o superintende geral Rio Bureau, Paulo Senize, e a secretária estadual do Turismo, Esporte e Lazer, Márcia Lins.
– Nosso presente de 60 anos veio no último ano, quando ganhamos a briga para sediar a Olimpíada de 2016 e a Copa de 2014 – afirmou Márcia Lins.
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