quinta-feira, 17 de junho de 2010

60 ANOS DE VIDA DO MARACANÃ

Flávio Dilascio, Jornal do Brasil
Um dos pontos turísticos mais visitados do Rio, o Estádio Jornalista Mário Filho comemorou nesta quarta-feira 60 anos. Encravado no coração da cidade, o popular Maracanã ganhou notoriedade por ter sido, por muito tempo, o maior estádio do mundo. Construído para a Copa do Mundo de 1950, também é usado como sede de grandes eventos, como shows e cultos, além de ser considerado, por arquitetos e engenheiros, como um marco da construção civil nacional.
Foi uma obra muito arrojada para a época, tanto foi que, nos 10 anos seguintes, houve um temor de que o Maracanã pudesse desabar – lembra o conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-RJ), Antônio Eulálio Pedrosa, que trabalhou na equipe de construção. – Apesar do temor, não tinha como dar algo errado. As vigas de aço eram duas vezes maiores que o convencional da época, e o cimento veio da Europa.
Outra característica que impressionou foram as marquises do anel superior, que não são sustentadas por colunas frontais.
As marquises funcionam no que chamamos de balanço livre, com um par de pilares traseiros em cada um dos cerca de 60 gomos da estrutura superior – explica Eulálio.
Gafe no aniversário
Para comemorar os 60 anos do Maracanã, a Secretaria Municipal de Conservação, em parceria com a Rioluz e a Secretaria Estadual de Turismo, inauguraram nesta quarta-feira um novo sistema de iluminação do estádio nas cores verde e amarelo. Para o empreendimento, foram instaladas 492 lâmpadas de 400 watts e 1.000 watts. Poucos minutos depois da inauguração, porém, a luz apagou misteriosamente.
O secretário municipal de Conservação, Carlos Roberto Osório, tratou de minimizar o incidente.
O importante é que o Maracanã está se modernizando para 2014 e, se Deus quiser, vamos ter um resultado diferente de 50, quando perdemos a final para o Uruguai.
O nascimento.
O Maracanã foi concebido na administração do prefeito Ângelo Mendes de Morais. Na área escolhida, situava-se a Favela do Esqueleto, construída sobre um hipódromo abandonado. A concorrência para a obra ocorreu em 1947 e o projeto vencedor foi o do grupo de Antônio Alves Noronha. As obras começaram em 2 de agosto de 1948. Trabalharam nela cerca de 2,5 mil operários.
Um divisor de águas no futebol brasileiro.
Palco mais famoso do futebol brasileiro, o Maracanã é um marco divisório da história do esporte no país. Apesar de ter vivenciado a maior tragédia da história esportiva do país – a derrota na final da Copa do Mundo de 1950 – o estádio foi o grande propulsor da consolidação da Seleção Brasileira como referência mundial.
O Brasil só passou a ter expressividade no cenário internacional depois da construção do Maracanã – salienta o comentarista esportivo Luiz Mendes, 86 anos, representante mais antigo da imprensa carioca em atividade. – Apesar da derrota na final da Copa de 1950, a partir dali começamos a ser conhecidos mundo afora. Tanto foi que, em 1952 e em 1956, ganhamos o Campeonato Pan-Americano de futebol e, em 1958, finalmente fomos campeões do mundo.
Dentre outros momentos sublimes do estádio, o comentarista destaca a final do Mundial da Fifa, em 2000, vencida pelo Corinthians diante do Vasco, a final do Carioca de 1962, quando o Botafogo bateu o Flamengo por 3 a 0, com atuação de gala de Garrincha, e um amistoso entre Brasil e Inglaterra, em 1959.
Naquela partida, o Garrincha foi cortado por ter fugido da concentração. Seu substituto foi o Julinho, do Palmeiras. A torcida carioca, por conta da rixa com os paulistas, o vaiou com veemência em sua entrada em campo, só que, depois da bela atuação dele na vitória por 2 a 0, as vaias se transformaram em aplausos – lembrou Mendes.
Estádio é festejado até na África do Sul
Os 60 anos do Maracanã foram lembrados nesta quarta-feira, na África do Sul, numa série de eventos promovidos por entidades ligadas à indústria do turismo brasileiro. Dentro de um restaurante em Joanesburgo, no bairro Melrose, onde funciona o Botequim do Rio, simulação de um bar típico carioca, o estádio ganhou um bolo com seu formato onde brasileiros e sul-africanos cantaram parabéns.
Participaram da festa de aniversário do estádio, o ministro do Turismo, Luiz Barreto, a presidente da Embratur, Janine Pires, o superintende geral Rio Bureau, Paulo Senize, e a secretária estadual do Turismo, Esporte e Lazer, Márcia Lins.
Nosso presente de 60 anos veio no último ano, quando ganhamos a briga para sediar a Olimpíada de 2016 e a Copa de 2014 – afirmou Márcia Lins.

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