RICARDO KOTSCHO
Técnico argentino exala autoconfiança.Acabei de ver agora o passeio que a Argentina deu na Coréia do Sul, um exemplo de como o time mais forte se impõe ao mais fraco do primeiro ao último minuto do jogo. Terminou 4 a 1, mas poderia ter sido bem mais, tal foi a superioridade do time de Maradona.
Ao final desta primeira semana de Copa, o técnico argentino desponta como a grande estrela na África do Sul, depois de se classificar com a maior dificuldade, e só no último jogo das eliminatórias, contra o Uruguai, um Maradona agora confiante, cheio de gás e de amor para dar, é a própria encarnação do futebol de garra e talento que coloca a Argentina como uma das seleções favoritas neste Mundial, ao lado da seleção da Alemanha.
De terno cinza e gravata prateada, poderia fazer sucesso como cantor de tango no bairro da Boca, onde fica o lendário estádio que o consagrou para o futebol, quase o tempo todo em pé junto ao banco de reservas, não para quieto um minuto, abre e fecha os braços, como se tocasse um bandoneon imaginário, grita e gesticula freneticamente, dando o ritmo aos seus atletas, que parecem ter um só objetivo em campo: marcar gol, muitos gols.
Pouco importa quanto está o resultado da partida, a Argentina de Maradona joga seu futebol e deixa o adversário jogar, mais ou menos como o time do Santos de Dorival Júnior tem feito por aqui, encantando as platéias brasileiras.
Onde está escrito que para ser campeão do mundo tem que jogar o anti-futebol, preocupar-se mais em defender do que em atacar, não ousar um drible ou fazer um lançamento em profundidade, como faz o time de Dunga?
A alegria de Maradona ao invadir o campo ao final do jogo para abraçar e beijar cada um dos seus jogadores, e até cumprimentar o trio de arbitratgem, é o melhor retrato do melhor futebol mostrado até agora na África do Sul, sempre o melhor time chega ao título, sabemos disso, há mil e uma variantes que podem decidir uma Copa do Mundo, mas dá gosto ver esta Argentina jogar e alegrar os estádios, tocar a bola com carinho, inverter o jogo a toda hora e deixar o adversário zonzo, sem saber a quem marcar.
A diferença é essa: Maradona procurou montar um time de 11 Maradonas, à sua imagem e semelhança, enquanto Dunga escalou uma seleção com 11 Dungas. Se Messi aparece como a reeencarnação do seu técnico e ídolo, na seleção brasileira Gilberto Silva e Felipe Melo são a pobre contrafação do que foi Dunga como jogador. Quem sai ganhando nesta história?
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