sexta-feira, 18 de junho de 2010

O CRAQUE DA COPA

PAULO VINICIUS COELHO - Prancheta do PVC.
O RELÓGIO marcava 18min do segundo tempo, o jogo não tinha cara de goleada, e uma das bolas rebatidas pela defesa sul-coreana veio alta, na direção do banco de reservas da Argentina. Maradona arregalou os olhos, levantou o pé esquerdo e dominou a bola de letra.
Deu saudade. Por um instante, Maradona foi o craque da Copa. O Mundial só ganhou um jeito mais jovem quando a Coreia do Sul imaginou poder empatar a partida, cujo placar de 2 a 1 evidenciava a falta de espaço para os craques latinos.
Então a Argentina passou a ter o contra-ataque, e Messi diminuiu a importância da letra com que Diego encantou o Soccer City.
O jogo entre Argentina e Coreia do Sul mostrou que esta Copa se faz sem a bola: quanto mais tempo se passa trocando passes contra defesas ultrafechadas, menor a chance de gol.
No primeiro tempo, a Argentina teve 62% da posse de bola, índice inferior apenas ao do Brasil, contra a Coreia do Norte, e ao da Espanha, contra a Suíça.
O resultado da troca de passes era um time opaco. Messi teve um único lance genial, já aos 43min, quando saiu da marcação de Jung-woo, enfileirou três zagueiros e tocou por cobertura. A bola raspou a trave.
De resto, o primeiro tempo argentino foi apenas bola parada. Pecado mortal sul-coreano cometer 12 faltas em 32 minutos. Em duas cobranças, dois gols sofridos. O espetáculo argentino só se deu quando houve contra-ataque, no segundo tempo, quando sua posse de bola caiu para 56%. Menos bola, mais show!
Maradona mostrou pela segunda vez ao técnico coreano Huh Jung-moo como o jogo flui quando se tem espaço. Jung-moo foi seu marcador na Copa-86. Caçou-o. Em seu livro "Yo Soy El Diego de la Gente", Maradona diz: "Me caçava o número 17. Não lembro seu nome. Só de chamá-lo "Kung Fu'"."
O CRAQUE MESMO
Higuaín foi eleito pela Fifa o melhor em campo, mas o craque foi Messi. À parte a facilidade de Maradona de dominar a bola de sapato, Messi se destacou nos dois jogos. Pode ser o melhor da Copa.
CÚPULA FRANCESA
Os três franceses apelidados de senadores convenceram Raymond Domenech a barrar o meia Gourcuff. Em seu lugar, Ribéry passou a fazer a função de armador.

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