Copa não combina com frio. E o som, infernal, das cornetas equaliza as torcidas.
SE EU fosse o presidente da Terra, decretaria que Copas do Mundo só poderiam ser disputadas na Europa e no verão.
Por motivos generosos e egoísticos.
Os generosos: o fuso é um deles, porque, em relação aos países do velho continente, as diferenças são mais palatáveis para as outras regiões do planeta; além do mais, os europeus já alcançaram um estágio de desenvolvimento que um estádio precário lá vira histórico, charmoso e sempre aceitável, ao passo que, principalmente em países emergentes, servem como prova da incapacidade local.
Se não bastasse, e aí está o principal argumento individualista, Europa é Europa e ponto final.
A exigência do verão é óbvia.
O que se está sofrendo para cobrir esta Copa-10 sob o frio e os ventos uivantes africanos é coisa que sirva. E não dá para ter boa vontade se para falar ataca a garganta e se para escrever congela os dedos, já que com luvas só se as teclas fossem maiores e menos sensíveis que as de hoje em dia.
Além do mais, aplauso com luvas é como bater palmas em reunião clandestina (aliás, estalávamos os dedos quando para homenagear algum camarada...).
Por fim, as infernais, de péssimo gosto e burras, vuvuzelas.
Sim, é um hábito cultural que deve ser respeitado e não se poderia pensar em proibir, como se pensou. A Fifa estava cansada de saber da mania e, ao escolher a África do Sul, sabia o que vinha no pacote.
Daí, no entanto, a gostar de vuvuzela ou importá-la, como se fala, vai enorme distância.
A vuvuzela é antissocial, impede que as pessoas conversem e, ainda por cima, impossibilita a superioridade de uma torcida sobre a outra, porque seu barulho sobrepuja qualquer canto, qualquer coro.
Assim, fica a sugestão para o mandachuva da ONU: Copas só na Europa, no verão e sem corneta.
O MUSEU IMPERDÍVEL.
Johannesburgo exige uma visita ao Museu do Apartheid, ainda mais agora, com uma exposição sobre Nelson Mandela. Com imagens dele com Pelé, com Muhammad Ali, ele mesmo como pugilista e suas luvas, a camisa que usou na célebre final do Mundial de rúgbi, em 95, além da aula sobre resistência, cidadania, heroísmo e crimes hediondos. E de maneira tocante, exemplar. Um senhor museu.
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