quarta-feira, 30 de junho de 2010

A REVANCHE LARANJA

PAULO VINICIUS COELHO
Os holandeses julgam o jogo com o Brasil uma vaga na final. Mas dizem que o rival é mais forte.
O ANO ERA 1996, e o taxista holandês não resistiu ao ver que os passageiros eram brasileiros. "Romário estava impedido", afirmou. Referia-se ao gol de Bebeto, nas quartas de final da Copa do Mundo de 1994, que ficou conhecido no Brasil como "gol-embala-nenê". No início da jogada, lançamento da defesa, Romário sai de posição de impedimento, mas deixa claro que não quer participar da jogada. O árbitro manda o jogo seguir, Bebeto dribla o goleiro De Goey e comemora fingindo embalar o menino Matheus, seu filho nascido dois dias antes.
No Brasil, não se lembra da posição de Romário na jogada. Ele não participa dela. Mas os holandeses ainda reclamam da suposta irregularidade. "Reclamamos também do empurrão em Van Hooijdonk, na semifinal de 98", conta o editor da revista "Voetbal International", Tiemen Van der Laan.
Em Amsterdã, ninguém se lembra de Zagallo desdenhando da Holanda de 74, antes de ser surrado em Dortmund. "As lembranças de 94 e 98 vêm à nossa memória muito antes de 74", afirma Tiemen.
No 9 de julho de 1994, em Dallas, os jornalistas holandeses espantavam-se com o ar crítico da imprensa brasileira, que cobrava arte do time de Parreira. Diziam que o Brasil havia esperado por 24 anos para ter uma equipe capaz de ganhar a Copa do Mundo. Não entendiam por que aquela equipe era criticada.
Por 12 anos, os holandeses se lembraram de um pênalti sobre Van Hooijdonk, que o Brasil nunca soube ter existido. Esperaram todo esse tempo para ter uma equipe que de novo despertasse respeito no Brasil, numa disputa para voltar às semifinais.
Mas o que eles pensam desse time de jogadores admiráveis como Sneijder e Robben é exatamente o mesmo que o Brasil reclama de 1994. "A Holanda está jogando como a Alemanha. É defensiva e pragmática. Os holandeses estão felizes com os resultados, não com o futebol", afirma Tiemen.
Eles também acham que a chance de ser campeão mundial é agora, dada a fragilidade do lado da chave de Brasil e Holanda.
Julgam a disputa com o Brasil uma vaga na final. Mas dizem que a seleção brasileira é mais forte. Que Robinho, Kaká e Luis Fabiano não costumam perdoar os erros que, segundo eles, a Holanda comete em todos os jogos.
Nesse ponto, eles têm razão.

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