PAULO VINICIUS COELHO
Em março, a Argentina venceu a Alemanha em Munique. De lá para cá, Diego retalhou a equipe.
A ALEMANHA está na vida de Maradona em capítulos. O primeiro se chama "A Glória!". Diz respeito à final de 1986, que seu pai previu, como relata no livro "Yo Soy El Diego de La Gente". Aquela decisão completou 24 anos ontem e eternizou Diego como o maior craque de seu tempo.
Quando fala dessa final, Maradona se refere aos alemães com reverência: "Até que lhes entregue o atestado de óbito, os alemães não se dão por derrotados. Escalaram Matthäus para me marcar. Normalmente, os caras que te marcam são grossos. Matthäus sabia jogar, marcar e terminou a carreira jogando como líbero: um fenômeno".
O capítulo 2 poderia se chamar simplesmente "A Derrota", mas Diego preferiria chamá-lo "A Traição". No livro, Maradona relata assim a derrota para a Alemanha, na decisão da Copa de 1990:
"Tinha prometido à minha filha Dalma que voltaria para casa com a Copa, mas agora tinha que lhe explicar uma coisa muito mais difícil. Que, no futebol, havia máfia." A cena inesquecível do segundo duelo com os alemães tem Maradona perfilado para ouvir o hino nacional argentino. Como a torcida italiana vaiava o hino, Diego abriu e fechou seus lábios, para que o mundo inteiro visse pela TV, e o estádio pelo telão, toda a sua fúria: "Hijos de p...". Maradona balbuciava. A imagem gritava. "Eu falava vagarosamente, para todos lerem meus lábios", conta.
O capítulo 3 vai ser escrito na Cidade do Cabo, no sábado, mas teve seu início em março, quando a Argentina venceu a Alemanha em Munique, a primeira vitória convincente de Maradona como técnico. Daquele 1 a 0 para cá, Diego retalhou a equipe. Puxou Messi para o meio, escalou Maxi no lugar de Jonás Gutiérrez, transformou Tevez em titular. A Alemanha só mudou por necessidade: Bal-lack e Adler, machucados, por Khedira e Neuer.
Como técnico, Maradona é tão inquieto quanto o craque que xingava o hino. No dia do 24º aniversário do título de 1986, o técnico da época e atual coordenador da seleção, Carlos Bilardo, disse que Maradona está mais calmo. O diário "Olé" estampou, sobre o terceiro duelo com a Alemanha: "Desempata, Maradona!". Para os alemães, Diego pode ser uma boa notícia. O último jogo entre Alemanha e Argentina vencido pelos alemães foi o último jogado por Maradona: a final de 1990.
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