JUCA KFOURI
Perder faz parte, mas para quem sabe ganhar. Quem não sabe acha que perder é igual a morrer.
O BRASIL ESTÁ fora da Copa do Mundo. Volta para casa mais cedo do que se previa e era razoável imaginar. E num 2 a 1 injusto, pelo primeiro tempo, com pênalti não dado em Kaká e bela atuação.
Derrotado por uma boa seleção, diga-se com todas as letras, embora menos que outras laranjas.
Que fique claro que não há desonra alguma em ser eliminado como foi a seleção de Dunga. E que os brasileiros não têm a obrigação de ganhar todas as Copas que disputam. Se ganharem uma a cada três, estará de bom tamanho. E a próxima, a 20ª, no Brasil, tem a cara do hexacampeonato, o que permitirá quase atingir tal média.
E que fique claro, também, que Dunga deixa registrada sua passagem pela seleção com um saldo muito mais positivo do que negativo, coisa com a qual ele mesmo não concordará, porque falhou ao faltarem apenas três passos para a consagração.
E diante da primeira equipe, digamos, se não do tamanho da brasileira, em vias de chegar lá.
Ruim, para quem gosta de futebol bem jogado, é perder jogando como jogou a seleção nesta Copa africana, com pouca coisa a ver com o estilo brasileiro de jogar.
E aí, para quem só vê resultados, é inescapável: Dunga fracassou, apesar de todos os ótimos resultados que obteve exatamente até ontem, quando, para ser coerente com ele mesmo, que não vê nem passado nem futuro no futebol, o presente morreu. Acabou.
O pior, ou o melhor, é que o futebol agradece a derrota de um estilo que não é o nosso. E que ninguém venha com história de saudosismo. O que me fez gostar de futebol tem muito mais a ver com a Holanda de Robben e Sneijder do que com este Brasil. Mas, quando eu era criança, também gostava mais de chocolate do que gosto hoje, embora continue a gostar e constate, sem pesar, que o chocolate de hoje é melhor do que o da infância.
Já este futebol brasileiro não é. E eu quero aquele. Um romântico talvez nos desse. O pragmático não deu. Que Dunga seja feliz, do alto de sua aprovação popular, provavelmente na Europa, como Sebastião Lazaroni, talvez mais delicado em italiano, principalmente se tiver a humildade de fazer uma terapia para finalmente cicatrizar a injusta ferida da era Dunga.
Porque foi Robben. E Sneijder.
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