sábado, 10 de julho de 2010

ESTILO CRUYFF

PAULO VINICIUS COELHO - PRANCHETA DO PVC
A ESPANHA joga como o Barcelona, e o Barcelona é o herdeiro do estilo da Holanda de 1974. Essa lembrança apareceu em matéria do diário espanhol "El País", ontem, com o título "La Final de Cruyff". Cruyff diz que é holandês, mas defende o estilo jogado pela Espanha.
A lembrança de Cruyff é justa, mas é preciso incluir outro personagem na história: Rinus Michels. O Barcelona não era campeão havia 13 anos quando contratou Michels para treinador. E Michels levou Johan Cruyff. O Barça voltou a ser campeão na temporada 1973/74, a primeira com os dois, um mês antes de a Holanda encantar na Copa-74.
Campeão, Michels assumiu a seleção apenas três amistosos antes da estreia na Copa do Mundo. Fez a Holanda marcar por pressão e trocar passes de modo incansável. Pressão e posse de bola, o DNA do Barcelona e da Espanha de hoje.
A Holanda festeja a presença na final, mas não o seu jeito de jogar. Na semifinal contra o Uruguai, 13,7 milhões de aparelhos de TV estavam ligados, recorde absoluto num país de 17 milhões de habitantes. Há um carnaval em Amsterdã pelos resultados, não pelo prazer de ver a Holanda jogar.
Talvez o jeito espanhol de jogar ainda fosse holandês se Cruyff tivesse sido técnico da seleção. Só não foi porque Michels não deixou. "O velho treinador morreu odiando Cruyff, por puro ciúme", diz o jornalista Tiemen van der Laan, da revista "Voetbal International".
Em 1990, os jogadores pediram a saída do técnico Thijs Libregts, substituído por Leo Beenhaker antes da Copa da Itália. A Holanda era campeã europeia, e os atletas queriam Cruyff no comando. Michels era manager da federação e o vetou. Cruyff continuou técnico do Barcelona. O Barça ficou ainda mais holandês. A Holanda, um pouco menos.
O CARROSSEL
Não é verdade que a Holanda invertia posições o tempo todo. Ela jogava num 4-3-3. Havia inversões esporádicas dos dois laterais e dos dois pontas nos lados do campo. Cruyff circulava por todo o campo. E o time fazia linha de impedimento e marcação por pressão. O Barça de Michels e o Ajax, campeão europeu com ele e com Stefan Kovacs, faziam o mesmo. Com Cruyff, o estilo era igual, mas o sistema era o 3-4-3.

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