A INVEJA DO POLVO

XICO SÁ

Embora se diga responsável pela queda precoce do Brasil, Edgar está morrendo de inveja de Paul.

AMIGO TORCEDOR, amigo secador, nesta Copa só é possível fazer previsões em alemão. Daí a ciumeira que Paul, o mais sobrenatural dos moluscos, provoca no corvo Edgar, pobre criatura do agouro e do infortúnio. Embora se diga responsável pela queda precoce do time do sr. Ricardo Teixeira, o maldito confessou ao estimado Chico Bacon, em momento de reflexão no safári, que a freudiana inveja do pênis nunca sentira na vida, porém estava morrendo de inveja do polvo.

É, também pudera, o molusco não perde a viagem. Desconcentrado, Edgar não acertou mais uma depois que soltou o grito que guardara para o Dunga, o seu clássico "Vai pra casa, Padilha!".

A partir daí, entregou o cargo de secador intercontinental ao repórter Fábio Seixas, colega da Folha que faz o Gulliver em visita a todos os países que disputam o torneio da Fifa. Por onde passa, ele deixa a torcida em prantos.

A agradável companhia do aventureiro Chico Bacon também contribuiu para o relaxamento corvístico. "De ressaca, perco todas as energias negativas", queixa-se o malaco. "E, depois dos 40 anos, amigo, a ressaca é de matar, é uma espécie de dengue existencialista", filosofa.

Com desdém pelo impressionante índice de acerto de Paul, o corvo provoca: "Quero ver o bom é no bangue-bangue da quarta divisão do Paulista, pegar um Amparo x Hortolândia, pegar um Treze x CSA pela Copa do Nordeste".

Para os embates finais de amanhã e domingo, Edgar diz ter retomado as forças. Não aguenta mais ficar na sombra do miserável e estranho ser alemão de oito braços. Crava Uruguai e Holanda, claro, sempre na contramão do favoritismo.

Uruguai, pela fidelidade a Loco Abreu. Edgar ama o Botafogo e sua mística de time azarado.

Fecha com a pátria em tulipas e cataventos por uma razão, no seu modo de pensar, bem mais nobre: Bobbi Eden, atriz pornô holandesa, que prometeu os benefícios do sexo oral a todos os seus seguidores no Twitter. "Não é mais fácil pagar a alguma moça honesta e trabalhadora do Baixo Augusta, maledito?", questionou um cético e consciente Bacon. "Prefiro não, esse troço de responsabilidade social não é comigo. De graça é sempre mais triunfante e gostoso." Que dizer diante de tamanha insanidade? Eu desisto.