Feilhaber é um dos 75 jogadores da Copa da África do Sul que não nasceram no país que representam.
PAULO VINICIUS COELHO.
BENNY FEILHABER é volante dos Estados Unidos, que estrearam ontem contra a Inglaterra. Joga no AGF, da Dinamarca, e é carioca da gema. Mudou-se para Nova York quando tinha seis anos, mas sempre passou férias no Rio. É botafoguense.
Feilhaber é um dos 75 jogadores da Copa que não nasceram no país que representam. Os craques sem pátria já somam 10% do total do Mundial.
Jong Tae-se é o melhor jogador da Coreia do Norte, rival do Brasil na terça. Nasceu no Japão.
A história dos Mundiais está cheia de exemplos de jogadores que representaram nações que não eram as suas. Em 1930, Luisito Monti era volante da Argentina, vice-campeã. Em 1934, foi campeão pela Itália. Mas nunca se chegou a um nível tão alto.
Se entrar em campo hoje, pela Sérvia, Stankovic se tornará o primeiro jogador a disputar Copas por três seleções distintas. Defendeu a Iugoslávia, em 1998, e Sérvia e Montenegro, em 2006. Ainda que seja um exagero estatístico, já que a capital de sua seleção sempre foi Belgrado, Stankovic é símbolo deste tempo em que não importa o local de nascimento. Joga na Internazionale, campeã europeia sem nenhum italiano como titular.
Os craques sem pátria reforçam a tese de que torneios entre países não fazem mais sentido. Meia verdade. A tese é de alguns de nós, tão metidos no mundo da bola a ponto de nos esquecermos de que todo esporte precisa ser difundido. A Copa é o momento em que o filho do industrial, que nunca assistiu a um jogo de futebol, liga a TV e se apaixona pelo esporte.
Só é assim porque pai e filho torcem por algo comum, o seu país. Pois o inacreditável é que, embora seja um dos mais perfeitos exemplos do mundo globalizado, o futebol ainda desperta incríveis exemplos de nacionalismo.
Na festa de abertura da Copa, no Soccer City, o cantor Khaled dançava com uma bandeira da Argélia nos ombros. Após ganhar a final da Copa dos Campeões pela Inter, da Itália, perto de anunciar sua transferência para o Real Madrid, da Espanha, José Mourinho deixou o campo carregando, orgulhoso, uma bandeira de Portugal.
"O Tejo é mais belo do que o rio que corre pela minha aldeia. Mas o Tejo não é mais belo do que o rio que corre pela minha aldeia. Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia."
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