segunda-feira, 5 de julho de 2010

FEIO NÃO É BONITO

PAULO VINICIUS COELHO - Prancheta do PVC
ERA UMA segunda-feira, 5 de julho, como hoje, quando o Brasil perdeu para a Itália na Copa da Espanha, em 1982. Há quem diga que a morte do futebol-arte foi decretada ali. Não é verdade.
Há apenas cinco anos, o Brasil vencia a Argentina por 4 a 1, em Frankfurt, ganhava a Copa das Confederações e permitia à sua fornecedora de material esportivo espalhar uma campanha com duas palavras que, ditas em português, faziam o mundo associá-las ao futebol brasileiro: jogo bonito.
Nem sempre se pode jogar assim. Em 2005, uma série de três minutos de trocas de passes entre Kaká, Ronaldinho, Robinho e Adriano resultou num gol espetacular do time de Parreira contra a Argentina. Após cinco anos e duas eliminações, vem outro decreto de que o Brasil não joga mais bom futebol. Desta vez, por dois veículos internacionais.
O jornalista Vincent Machenaud, da revista "France Football", anunciou em bom francês: "O jogo bonito do Brasil morreu!". Há dois meses, o diário espanhol "El País" publicou reportagem em que afirmava que o velho jogo bonito do Brasil é hoje representado pela Espanha.
A Copa não mostrou isso. Não é verdade que o bom futebol do Brasil -mais do que o jogo bonito- morreu.
Em 1987, a mesma "France Football" fez uma capa com o título "Qual é seu futuro, Brasil?". A pergunta levava à mesma discussão sobre o fim do futebol-arte.
A questão não está em saber se o Brasil precisa ser refém do futebol-arte, mas entender que o dilema jogar bonito e perder versus jogar feio e ganhar é mentiroso.
O Brasil jogou bonito e ganhou em 70, jogou bem e venceu todas em 2002. Perdeu jogando feio em 1974, 1978, 1986, 1990, 2006 e 2010. Nessas seis derrotas, foi sisudo, sem identidade. É essa a lembrança no aniversário do revés do Sarriá.
O MELHOR FOI...
Schweinsteiger teve a melhor atuação individual desta Copa, nos 4 a 0 sobre a Argentina. Volante, arma o time desde a defesa. É a diferença da Alemanha, que acelera e cadencia na hora exata.
MAS O CRAQUE É
À parte Schweinsteiger ter tido a melhor atuação, o craque até agora é Sneijder, o melhor em todos os jogos da Holanda. A Fifa errou ao eleger Robben ante Camarões.

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