segunda-feira, 5 de julho de 2010

O CONVIDADO ESPECIAL

JUCA KFOURI
Na festa da Europa, um time orgulhoso tenta surpreender o mundo outra vez: viva, Celeste!
PELA TERCEIRA vez na história das Copas do Mundo, o Uruguai disputará um jogo semifinal.
Em 1930, ganhou da Iugoslávia por 6 a 1, no estádio Centenário de Montevidéu, para depois vencer a Argentina e ser campeão, o primeiro campeão mundial de seleções e já bi olímpico, em 1924/28.
Em 1954, na Suíça, perdeu por 4 a 2 para a Hungria e acabou em quarto lugar, derrotado também pela Áustria. Mas, aí, já era bicampeão mundial, porque, no Maracanã, surpreendeu o mundo ao derrotar o Brasil. Então, não houve semifinal, pois a fórmula foi a de um quadrangular final, com a Celeste, o Brasil, a Espanha e a Suécia.
Os bravos uruguaios apenas empataram em 2 a 2 com a Espanha e venceram os suecos por suados 3 a 2, diferentemente dos brasileiros, que golearam os ibéricos por 6 a 1 e os escandinavos por 7 a 1.
Nem é preciso contar o que aconteceu na decisão, não é mesmo?
Pois os uruguaios são assim. Teimosos, resistentes, pequenos na quantidade, grandes nas atitudes, portentosos como escola de futebol, embora esvaziada pela exportação de talentos ainda no jardim de infância, e não no ginásio, como nos casos de Brasil e Argentina. Se os dois irmãos maiores exportam pé de obra, o menor exporta fralda mesmo.
Mas é ele que está nas semifinais na África do Sul, orgulhoso representante da América nesta Copa que desempatará o placar de 9 a 9 para cada um dos dois continentes que se alternam nas conquistas.
Claro que a Europa, com três candidatos, e todos eles tecnicamente melhores e fisicamente mais inteiros, é a grande favorita. Que não subestimem os uruguaios, no entanto. Trata-se de uma gente capaz de coisas inimagináveis.
Quem quiser saber mais desse povo e de sua relação com o futebol procure numa livraria uruguaia o livro "Maracaná - Los Laberintos del Carácter", do sociólogo e jornalista Franklin Morales. Ele conta -à guisa de fazer um ensaio biográfico sobre Obdulio Varela, o capitão que ergueu a Jules Rimet em pleno Maracanã, que eles chamam de Maracaná mesmo uma história que infelizmente nenhuma editora brasileira teve coragem de traduzir. História exemplar e oportuna, às vésperas dos 60 anos do Maracanazo e, quem sabe, do tricampeonato mundial uruguaio.

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