RUY CASTRO
Na noite de quarta-feira, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) perdeu a oportunidade de voltar para seu apartamento em Brasília, tomar um banho morno, vestir o pijama e restaurar-se com uma gemada antes de ir para o berço com um livro de autoajuda ou coisa assim. Teria dormido lindamente e acordado como na véspera: respeitado pelos que sempre acompanharam suas posições contra o oportunismo e a marotice de seus colegas de política.
Em vez disso, deixou-se ficar até altas horas no Senado ressuscitando uma emenda que se diria enterrada a que propõe a distribuição "igualitária" dos royalties do petróleo produzido no Rio e no Espírito Santo "para todos os estados e municípios". Ao exumar a emenda, conseguiu a adesão de seus pares de outros estados, todos de olho no ganho eleitoral que terão quando esse dinheiro for repassado, às custas dos produtores, para os municípios em que têm seus arraiais.
O senador Simon é íntimo da lei.
Sabe que sua proposta fere a Constituição em diversos parágrafos e incisos. Ou seja, é inconstitucional ao cubo e, assim, pode ser vetada pelo presidente Lula sem nenhum desgaste jurídico. Já o desgaste político é outra coisa. Depois que sentiram o cheiro da grana emanado dos poços fluminenses e capixabas e, pelo visto, já contando com ela nos cofres, como reagirão os prefeitos e eleitores daqueles burgos a um veto presidencial? E logo agora que estavam decididos a votar em Dilma, não?
Dá a impressão de que o senador, usando RJ e ES como plataformas, quis jogar uma casca de banana aos pés de Lula e constrangê-lo com um escorregão ou um rebolado em falso. Se é isso, vai conseguir Lula terá de ficar mal com alguém.
Mas, com essa jogada, Simon iguala-se em marotice e oportunismo aos políticos que já atacou e, com isso, despede-se dos que um dia o admiraram.
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