domingo, 27 de junho de 2010

A DUPLA D-D

JUCA KFOURI
Sem nenhuma responsabilidade nem de Dunga nem de Dilma, juntaram os dois na campanha
DUNGA E DILMA nada têm em comum a não ser suas casas no Rio Grande do Sul.
Dilma Rousseff, como se sabe, nem gaúcha é. E é de esquerda, fiel ao seu passado que não renega.
Dunga, ao contrário, é de direita, quase feroz, a ponto de nem tirar a mão do bolso para cumprimentar o presidente Lula.
Dunga também tem um passado a zelar como jogador e, mais uma vez, agora na Copa do Mundo, atingiu seu primeiro objetivo, qual seja o de classificar a seleção brasileira em primeiro lugar em seu grupo e sem derrotas.
Aliás, são façanhas de Dunga até agora como técnico da seleção brasileira: as conquistas da Copa América, da Copa das Confederações e do primeiro lugar nas eliminatórias, com direito a classificação antecipada e vitórias sobre o Uruguai, em Montevidéu, e sobre a Argentina, em Rosario. A primeira não acontecia havia 33 anos, e ganhar da Argentina tornou-se comum para ele, que a bateu em amistoso e na decisão da Copa América. O que, é claro, não justifica que tenha dado a resposta atravessada que deu ao jornalista argentino que quis saber de uma eventual final entre ambos na Copa.
Mas Dunga, agora, porque contrariou a TV Globo, virou ídolo de uma certa gente que apoia a candidatura de Dilma.
E como essa gente, incapaz do contraditório, é inimiga da Globo, embora lá tenha trabalhado servilmente, como serve a certos bispos, resolveu, é claro, que inimigo do meu inimigo é meu amigo. Dá pena de Dilma e de Dunga, que, certamente, se conhecerem tanta mediocridade contrariada em suas ambições mais mesquinhas e carreiristas, alguns até lacerdistas na juventude, quererão distância.
O pior é que, na sua infinita burrice e incompetência, é gente que tem na sociedade a resposta inversa de suas campanhas, haja vista a audiência da Globo, que cresceu no joguinho contra Portugal, numa sexta-feira, em relação ao jogo melhor, e num domingo, contra Costa do Marfim.
Politizar as posições de Dunga é tão patético como pedir à Dilma que escale a seleção de 1970, quando ela, como tanta gente de valor, lutava como podia contra a ditadura militar.
Ao contrário, por sinal, desses oportunistas que misturam alhos com bugalhos.

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