Editorial, Jornal do Brasil
O levantamento da fundação Getulio Vargas, em parceria com a consultoria Ernest & Young, divulgado esta semana, serviu para quantificar o que a maioria já sabia: a Copa do Mundo de 2014 vai injetar na economia brasileira, nos próximos quatro anos, o equivalente a 2,17% do PIB nacional.
Às vésperas da troca do governo, é imperioso que os candidatos, e em especial o vencedor do pleito de outubro, tenham bastante clara a determinação de aproveitar da melhor maneira a chance que a Fifa nos deu e que o país não seja o mesmo depois de 2014. O Brasil precisa seguir a trilha da Espanha – que teve nos Jogos Olímpicos de 1992 uma alavanca para o crescimento sustentado de Barcelona até hoje – e não a da Grécia, que fez bonito com Atenas em 2004 mas que, para realizar a competição, até hoje paga pelos desmandos e contas não pagas. Não se pode desperdiçar os R$ 18 bilhões previstos apenas como arrecadação adicional do setor público.
A julgar pelo que já começou a acontecer no Rio de Janeiro, tudo leva a crer que o primeiro – e melhor – caminho será o seguido. A cidade lidera o volume de aportes financeiros previstos, com R$ 1,97 bilhão – seguida de Natal e São Paulo. E dois ítens dos incluídos nas ações para a Copa chamam já hoje a atenção – e, se forem bem feitos, bastará isso para a Copa ter valido a pena.
O primeiro são as UPPs. A questão da segurança era nevrálgica para a candidatura do Rio, e o projeto da polícia pacificadora foi decisivo para a vitória. E, embora ainda não se possa soltar foguetes, o pouco tempo de existência das unidades nas comunidades carentes é suficiente para ver que, com aumento de investimento, o problema da segurança pública pode, se não ser resolvido, pelo menos transformar-se em algo administrável.
O segundo é o setor de transportes, e o início hoje das obras que levarão o metrô à Barra da Tijuca é sintomático. Essa ação, somada à construção de uma nova via expressa ligando o bairro à Zona Norte, para desafogar a Linha Amarela, certamente significará uma pequena revolução no confuso sistema rodoviário da cidade.
Há ainda mais setores que podem e vão melhorar, impulsionados pela maior das competições esportivas: as comunicações, o urbanisno (notadamente com a revitalização da Zona Portuária) e principalmente o incremento do setor hoteleiro – fundamental numa localidade com o potencial turístico do Rio, Copa do Mundo à parte.
Estamos em meio às emoções do Mundial de futebol da África do Sul, e diariamente recebemos textos e imagens mostrando os benefícios que a competição traz ao país – que tanto deles precisava – e a sua população. Daqui a quatro anos será a nossa vez. Que saibamos aproveitar essa oportunidade única. Será importantíssimo para toda a população do Brasil.
E, para o Rio, ainda haverá a Olimpíada-2016.
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