domingo, 27 de junho de 2010

MUNDOS OPOSTOS

TOSTÃO
O ser humano está cada vez mais parecido. O futebol, também. É o mundo globalizado.
É ESTRANHO que Johannesburgo, mesmo com uma grande população miserável, não tenha um transporte público decente.
Mais estranho ainda é saber que as pessoas pobres não vão para a parte rica da cidade, para se divertir ou para praticar crimes, como ocorre nas grandes cidades brasileiras.
Deve haver um acordo velado, como muitas vezes ocorre no Rio de Janeiro, entre a polícia e o crime organizado. Os ricos, geralmente brancos, não querem ser importunados pelos pobres, geralmente negros. A segregação, o apartheid, ainda não acabou.
Diferentemente de Durban, uma cidade alegre, com muitas pessoas nas ruas, com bares e restaurantes ao ar livre, Johannesburgo, com seus suntuosos shoppings, largas avenidas, casas belíssimas, é uma cidade fria, artificial e desumana.
Felizmente, descobrimos que não é só isso. Enfim, vi que também existe vida na cidade.
Fomos almoçar em Nelville, um bairro cult, com lojas interessantes, restaurantes e bares com mesas nas ruas e muitas pessoas andando e conversando. Parece a Savassi, em Belo Horizonte.
Quanto mais viajo, a trabalho ou a passeio, impressiona-me como o ser humano, de quase todos os lugares, é cada vez mais parecido. Todos têm os mesmos hábitos, comem a mesma comida, sonham e desejam a mesma coisa. É o mundo globalizado.
No futebol, é a mesma coisa.
Quase todas as seleções jogam do mesmo jeito. Colocam nove jogadores em seu campo, quando perdem a bola, e atuam com um jogador de cada lado, que defende e ataca.
Faz um mês que estamos em Johannesburgo. Ao mesmo tempo em que estou vidrado na Copa, curioso para conhecer o final, estou com saudades do Brasil, de Minas Gerais, de Belo Horizonte, do meu bairro, da minha rua, do meu apartamento e, principalmente, das pessoas que amo.
Com exceção de algumas pessoas que adoram ou fingem gostar do cotidiano, por medo e/ou por não conhecer ou por não ter outras possibilidades, o ser humano sonha em se tornar um cidadão do mundo.
Mas, quando viaja por um tempo maior, morre de saudade de sua rotina, das pequenas coisas. Quer ser muitos em um só. "Sou o que penso, mas penso ser tantas coisas." (Fernando Pessoa)

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