Ontem, quando li o desabafo do Eduardo Guimarães queixando-se das dificuldades em levar adiante a iniciativa do Movimento Sem Mídia confesso que deu um certo baixo astral. Fiquei pensando se não seria muita presunção nossa resistir nesta trincheira, numa batalha tão desigual entre os tubarões da mídia e os lambaris da internet. Como estou trabalhando com o Azenha numa série de reportagens especiais, decidi dividir com ele esse momento de desilusão. E acabei renovando minhas forças. Conheci Luiz Carlos no início dos anos 2000, nas Organizações. Era editor daquele que já foi o principal e mais influente telejornal do país. Ele acabava de chegar do Rio e ía fazer uma reportagem. Eu me apresentei e disse: - Não se preocupe, reportagem aqui em São Paulo é off, passagem, arte e sonora. Se tiver personagem, ótimo, se não, não tem problema. Ele achou divertida a abordagem tão franca e "utilitarista". Depois disso fomos cultivando uma amizade que resiste bravamente há quase dez anos. Foi lembrando desse curto espaço de tempo que Azenha me perguntou: - Você viu como as coisas mudaram nos últimos cinco, dez anos? Você acha que há pouco tempo atrás um "mané" como você, ou um "mané" como eu traríamos alguma preocupação aos tubarões da mídia? Hoje eles se preocupam com o que escrevemos e com o prejuízo à imagem deles. Veja você, foi demitido, se levantou e hoje está aí na luta. Até outro dia, você seria demitido e não ía arrumar mais emprego em lugar nenhum. Sua vida estaria arruinada. E mais, se abrisse a boca eles te matavam. Hoje não, estamos no jogo. Claro que os verdadeiros inimigos deles são as teles, o capital. Eles são os peixes grandes. Somos apenas os lambarizinhos que ficam beliscando. Mas se recorrer aos livros de história vai ver que as grandes mudanças foram obra de meia dúzia de "malucos", às vezes um único idealista. As coisas estão mudando. E rápido
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