Cornetas do Dunga sairam do armário.
Fernando Sampaio
Conheço poucos críticos do Dunga entre os profissionais respeitados. Mesmo os especialistas que defendem convicções diferentes, com bons argumentos, respeitam seu trabalho. Em compensação, a maioria do público que critica o Dunga é formada pelos cornetas clubistas. São fanáticos que ficaram magoados porque o ídolo do seu clube não foi convocado.
Desculpe, mas isso é frescura.
Após a derrota para a Holanda, os cornetas clubistas sairam do armário. Agora, dizem: “Eu já sabia”. Curioso. Nos bolões, apostaram no Brasil. Fala sério. Na verdade, estavam morrendo de medo do Dunga chegar na final. Agora, mais aliviados, dão explicações mirabolantes, fazem caça as bruxas e como sempre, criam teses “Mãe Dinah” garantindo que os não convocados seriam campeões.
Foi assim em todas as Copas. Na cabeça dos cornetas clubistas, o Brasil não ganhou todas as Copas, ou porque o técnico era ruim, ou convocou errado. Até quando ganhou, estava tudo errado. Mas, como ganhou, engoliu. Esqueceu.
Hoje, lembraram do Ronaldinho Gaúcho. Mas que cara de pau. Ele não joga bem há anos, perdeu o Mundial para o Gabirú, participou do vexame de 2006 e ainda foi comemorar na boate, na mesma noite. Nunca jogou bem na Seleção.
Pois é, a memória do brasileiro é curta. Mas, o pior é nunca reconhecer a qualidade do adversário. Ora, a Holanda foi melhor. Venceu todas. Está invicta há 24 partidas. O Brasil não é imbatível. É um mata-mata.
Não sou fã dos convocados, nem do esquema tático, mas jamais seria injusto e burro de ignorar os resultados do Dunga ao longo dos anos. O Brasil ganhou títulos, derrotou grandes Seleções, resgatou dignidade, acabou com a farra, valorizou quem priorizou a Seleção.
Dunga perdeu 7 jogos, com Kaká apenas 2 (Portugal e Holanda).
O Brasil perdeu 7 jogos no comando do Dunga. Hoje, pela primeira vez perdeu de virada. Com Kaká no time, havia perdido apenas para Portugal em 2007. Nas outras derrotas, estavam lá Robinho, Pato, Miranda, Diego Souza, Adriano, Love, Alex. É, a memória é muito curta.
É impossível ganhar tudo. Não existe fórmula para a vitória. Não é fácil ganhar Copa. Não é simples. Imaginar outros jogadores dando show só a Mãe Dinah.
No primeiro tempo, o Brasil dominou completamente. Poderia ter feito mais gols. Robinho viveu seu melhor momento. Kaká estava bem. Quase fizeram um golaço. Felipe Melo era o melhor do time. O Brasil não aproveitou as chances.
A Holanda voltou melhor. Ninguém poderia imaginar que Júlio Cesar falharia daquela forma. O goleiro é unanimidade. O time sentiu. Logo depois, Juan mandou para escanteio. Na cobrança, gol de Sneijder que nunca marcou de cabeça. Lembrei do Zidane. É futebol. É mata-mata. É assim mesmo.
Paolo Rossi marcou três gols no Sarriá. Nunca tinha feito isso. As vezes, Baggio manda o pênalti na lua e a moeda cai do lado do Brasil. Buscar culpado, citando jogadores do clube rival, é paixão clubistica infantil. Além do argumento ser ridículo, mostra total falta de conhecimento do futebol.
O mérito é da Holanda. É preciso aceitar a derrota e pensar em 2014.
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