terça-feira, 24 de agosto de 2010

SINALIZANDO PARA O MERCADO

Por Carlos Chagas
Nada de novo. Tudo se repete, desde Fernando Henrique ao Lula e agora a Dilma Rousseff. Como candidatos, primeiro trataram de conquistar a maioria, tanto faz se visando mais as massas ou a classe média, com mensagens reformistas e promessas de melhoria de vida para todos. Cada um no seu estilo, os três se apresentaram como mágicos capazes de tirar da cartola mais escolas, hospitais, estradas, empregos, obras públicas e tudo o mais. Propostas e promessas de nítido viés esquerdista, ainda que jamais radical.
Depois, uma vez consolidada a perspectiva de vitória, mais perto das eleições, é hora de virar o jogo e prestar contas aos que realmente decidem, as elites. Contenção de gastos públicos, ajuste fiscal, maior combate à inflação, menos reajustes salariais, começando pelos funcionários públicos, diminuição do tamanho do estado. Em suma, a hora de sinalizar para o mercado que nada vai mudar, muito pelo contrário.
Fernando Henrique resumiu a manobra numa única frase, pouco antes de assumir: “esqueçam tudo o que escrevi”. O Lula fez o mesmo na célebre “Carta aos Brasileiros”. Dilma ainda não rotulou a palavra-chave, mas sua estratégia não parece diferente. Logo encontrará uma definição para o “turning point” de sua trajetória para o Planalto. Trata-se de mera questão de tempo. Já conquistou a maioria do eleitorado, como os dois antecessores haviam conquista do, tornando-se agora necessário prestar contas à minoria que manda. É o que seus principais auxiliares vem vazando para a mídia, em repetição monótona da mesma fórmula voltada para o mundo dito globalizado.
Quanto aos que estão sendo iludidos mais uma vez, problema deles. Não aprendem mesmo. Melhor esperar novas eleições...

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