Quando os coadjuvantes viram estrelas.
Por Rodrigo Molardi
No cinema, um elenco de qualidade é meio caminho andado para que um grande filme entre para história. No futebol, principalmente num torneio de pontos corridos, um elenco de qualidade é a chave para que um clube possa fazer o mesmo.
No cinema os astros principais são aqueles que fazem a publicidade, ajudam a trazer patrocínios e grandes públicos aos cinemas. No futebol os grandes ídolos além de atraírem a torcida ao estádio, vendem camisas e ajudam no marketing.
E se no cinema os coadjuvantes dão uma encorpada no elenco, e o suporte que as estrelas precisam, além de muitas vezes roubarem a cena, no futebol não é diferente. Os coadjuvantes de um time são essenciais para que um clube possa conquistar títulos, e se não são os mais elogiados sempre, por diversas vezes, e num campeonato de 38 rodadas, eles são muito exigidos. E costumam decidir jogos.
Analisando dois elencos, no futebol e no cinema, nós veremos a importância dos coadjuvantes para o sucesso de um grupo. No cinema usaremos o exemplo do melhor filme de todos os tempos: O Poderoso Chefão. No Futebol, obviamente, o clube que é a paixão de milhões de torcedores no mundo e que está em franca ascensão no campeonato brasileiro: o glorioso Botafogo!
Acredito que todo mundo já tenha visto, ou no mínimo ouvido falar, da história do filme que é considerado por muitos a maior obra prima da sétima arte. Sou até suspeito para falar, pois, contando os três filmes da saga, eu já devo ter visto a saga no mínimo umas seis ou sete vezes, mas para análise vou me prender apenas ao primeiro filme.
Pois bem, todos conhecem os grandes astros do filme, Al Pacino e Marlon Brando. Al Pacino não era uma estrela na época em que o filme foi lançado, mas seu desempenho tornou a franquia um sucesso e ajudou na promoção das duas sequências. Marlon Brando já era considerado um grande ator, e sua participação no
filme, imposição do diretor Coppola, acabou se tornando a cereja do bolo do elenco.
No Botafogo as estrelas já são conhecidas, e são os grandes ídolos dos torcedores. Com Jefferson no gol a torcida encontrou uma segurança. No meio de campo, Maicosuel, que já era querido, voltou com ainda mais moral e trouxe um intenso trabalho de marketing com ele. No ataque, além de Jobson, que foi herói na fuga do rebaixamento no ano passado, Loco Abreu é endeusado pela torcida pelos seus gols e carisma. Na copa do mundo, elevou o nome do Botafogo, e suas camisas, são as que mais vendem.
No Poderoso Chefão, os coadjuvantes (de luxo) ajudaram a mitificar o filme. Diversas são as cenas antológicas que foram protagonizadas pelos coadjuvantes do filme. Quem não se lembra da cena do assassinato de Sonny Corleone (veja aqui), da célebre frase de Clemenza depois de um assassinato, “leave the gun, take the cannoli” (veja aqui), ou então a clássica sequência da viagem de Tom Hagen (Robert Duvall, genial) para Hollywood, que termina como o recado da cabeça do cavalo (veja aqui), além de tantas outras “estreladas” pelos coadjuvantes.
No Botafogo chegou a hora dos coadjuvantes mostrarem sua força. Alguns deles já vêm se destacando, mas agora todos têm a chance de mostrar que podem ser ainda mais decisivos. Nos próximos jogos serão cerca de cinco desfalques, todos titulares. Os atletas que vêm do banco estão decidindo alguns jogos no segundo tempo, mas agora chegou a vez de decidirem desde o começo. Além disso o campeonato exige muito do grupo, seja estrela, ou não.
Chega uma hora no brasileirão (e essa hora chegou), que o elenco é extremamente exigido, física e tecnicamente. Durante o começo do 2° turno existe um intenso número de partidas nas quartas e quintas-feiras, e em fins de semana. No caso do Botafogo isso é ainda mais latente porquê a tabela mais complicada para o time está exatamente nesse período. As lesões já começaram, e algumas parecem sem solução aparente, como no caso do Marcelo Mattos.
Pois agora chegou a nossa hora de torcer para que os coadjuvantes ajudem a fazer a diferença. Temos bons atletas que dão suporte as nossas estrelas, como Antonio Carlos e Fábio Ferreira, Renato Cajá, Caio, Edno, Somália. Além deles precisaremos também na força dos nossos figurantes. Juntando isso tudo, temos de ter a confiança de que o nosso Francis Ford Coppola, papai Joel Santana, conhece o elenco que tem em mãos.
Você confia na força desse elenco? Pode parecer difícil, mas eu confio. Eu sei que faltam laterais e bons volantes, mas uma coisa eu sei que não falta: garra e dedicação. Nossos “coadjuvantes” tem mostrado personalidade e jogado muito bem em suas respectivas posições. Além disso, nossas estrelas são atletas que podem decidir qualquer jogo. Jobson e Mago são decisivos ao extremo, Loco tem estrela e sempre importante na bola aérea, e Jefferson uma verdadeira muralha.
Como disse papai Joel uma vez: “Vence quem tem fé e coragem, e esse time foi preparado pra isso, pra ter fé e coragem.” E é nessa levada que a torcida tem que se apoiar, comparecendo (ainda mais) no Engenhão e apoiando até o fim.
Somente nós, junto com o nosso elenco podemos levar o Botafogo a fazer uma trajetória digna de cinema, e que esse filme seja como o Poderoso Chefão: que entre para história, seja vencedor e que glorifique não apenas os seus ídolos, mas também seus coadjuvantes. Porque a família Corleone sempre permanece unida, e o final é sempre vitorioso. Que família botafoguense siga o mesmo caminho
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